SIMPÓSIO CIENTÍFICO

TEMA

Revisitando a Carta de Veneza: Perspectivas Críticas e Desafios Contemporâneos

Ao celebrar o 60º aniversário da Carta de Veneza, o ICOMOS lançará também o seu novo Plano Científico Trienal, “Património Resiliente a Desastres e Conflitos: Preparação, Resposta e Recuperação” na Assembleia Geral Anual em Ouro Preto, Brasil. A Carta de Veneza continua a ser um documento histórico fundador do ICOMOS, enraizado num contexto específico e moldado pelos conceitos de património do seu tempo. Sessenta anos depois, a prática e a doutrina evoluíram, novas convenções culturais foram estabelecidas e o trabalho científico e a capacidade do ICOMOS mudaram fundamentalmente. Ao mesmo tempo, o mundo enfrenta um grande desafio colocado pelas alterações climáticas, catástrofes e conflitos, alimentando grandes deslocações de comunidades e desafiando todas as nossas estruturas. O foco principal do Simpósio será uma discussão crítica sobre a Carta de Veneza, considerando o estado atual do discurso em torno do património e uma abordagem transversal entre as convenções mais recentes e as necessidades pragmáticas da prática atual.

O Simpósio procura reavaliar de forma abrangente a Carta de Veneza num contexto contemporâneo, com foco em cinco subtemas principais. Pretende explorar o contexto
histórico da Carta, enfatizando as suas origens eurocêntricas e as diversas respostas regionais, defendendo uma releitura crítica que considere como os conceitos e práticas patrimoniais evoluíram desde 1964. Além disso, o simpósio procura promover uma abordagem transversal entre a Veneza Carta e outras convenções internacionais, como a Convenção de Haia de 1954, a Convenção do Património Mundial de 1972, e o Documento de Nara sobre Autenticidade de 1994, a Convenção do Património Imaterial de 2003 e a Convenção de Faro de 2005. 

Enfatiza a importância de reinterpretar a Carta através de diversas epistemologias, reconhecendo a diversidade cultural e considerando as contribuições do Sul Global. As discussões examinarão criticamente o estado do discurso patrimonial, avaliando a relevância da carta para a prática contemporânea, incluindo aquelas colocadas pelo património moderno, a ascensão das metrópoles, as desigualdades sociais, os desastres e o impacto ambiental.

A discussão da Carta de Veneza alinha-se perfeitamente com o tema abrangente do Plano Científico Trienal do ICOMOS, “Património Resiliente a Desastres e Conflitos: Preparação, Resposta e Recuperação”, que destaca o imperativo de enfrentar os desafios contemporâneos enfrentados pelo património, particularmente no contexto de desastres. e conflitos. Ao revisitar criticamente a Carta de Veneza, pretendemos estabelecer uma ponte entre o documento histórico e as questões atuais, enfatizando a necessidade de adaptar as práticas de conservação do património às exigências do século XXI.

A escolha de Ouro Preto como sede do Simpósio tem importância estratégica devido ao seu caráter histórico de cidade moldada pela corrida do ouro brasileira no século XVIII. Sendo a primeira cidade do Brasil a ser designada como Patrimônio Mundial da UNESCO, Ouro Preto incorpora uma rica herança que se alinha com o tema abrangente do evento. Além disso, a sua proximidade com um local profundamente afetado por um dos desastres ambientais mais significativos do Brasil oferece um cenário tangível e comovente para discussões sobre a resiliência do património. Este contexto reforça o objetivo do simpósio de examinar criticamente a Carta de Veneza e rever a sua relevância no discurso contemporâneo sobre patrimônio, autenticidade e resiliência.

SUBTEMAS

1. Contexto Histórico e Conceitos de Patrimônio 
Uma exploração do contexto histórico e dos fundamentos conceituais que moldaram a Carta de Veneza, enfatizando suas origens eurocêntricas e a necessidade de uma releitura crítica.

2. Uma Abordagem Transversal entre Convenções
Uma discussão que liga a Carta de Veneza a outros documentos internacionais, notadamente a Convenção de Haia de 1954, a Convenção do Patrimônio Mundial de 1972, o Documento de Nara sobre Autenticidade de 1994, a Convenção do Patrimônio Imaterial
de 2003 e a Convenção de Faro de 2005, explorando interseções e princípios compartilhados para enfrentar os desafios contemporâneos.

3. Universalismo e Diversidade: Relendo os Documentos Doutrinários a partir de Perspectivas Diversas
Uma discussão sobre a importância da Carta de Veneza (e outros documentos doutrinários relacionados) através de epistemologias e perspectivas diversas, reconhecendo a diversidade cultural do patrimônio e explorando contribuições do Sul Global.

4. Desafios Contemporâneos no Discurso do Patrimônio
Uma análise crítica do estado da arte nas discussões sobre patrimônio, considerando as perspectivas e desafios em evolução
que surgiram desde a criação da Carta de Veneza. Examinando a relevância da Carta de Veneza no contexto atual, com foco nos desafios colocados pela divisão ocidental entre natureza e cultura, a crescente importância das metrópoles, as desigualdades sociais, o impacto ambiental das atividades humanas, desastres e conflitos, entre outros.

5. Patrimônio Resiliente a Desastres e Conflitos O patrimônio cultural está cada vez mais vulnerável a desastres e conflitos e sujeito à destruição rápida, como evidenciado pelos recentes incêndios, inundações, terremotos e conflitos armados em diferentes partes do mundo. Na Assembleia Geral 2023 em Sydney, o Comitê Consultivo do ICOMOS aprovou o tema “Patrimônio Resiliente a Desastres e Conflitos – Preparação, Resposta e Recuperação” como o tema do Plano Científico Trienal 2024-2027. Em consonância com o espírito de diálogo intergeracional aberto, inovador e construtivo, e com o foco estratégico, este subtema abordará a adequação da Carta de Veneza com o tema do patrimônio resiliente a desastres e conflitos, enfatizando suas implicações mais amplas para o discurso do patrimônio, modelos de desenvolvimento e estratégias de resiliência. Ao integrar esses subtemas no Simpósio, buscamos promover um diálogo abrangente que não apenas reinterprete criticamente a Carta de Veneza, mas também explore suas interseções com discussões mais amplas sobre patrimônio e desafios contemporâneos, incluindo a emergência climática, conflitos e desastres naturais.

conferencistas principais

Confira alguns nomes confirmados

G. Krishna
Menon
NEW DELHIIndia
A. G. Krishna Menon is an Architect, Urban Planner, Conservation professional, and Academic with five decades of experience in India. He co-founded the Indian National Trust for Art and Cultural Heritage (INTACH) in 1984, and drafted its Charter in 2004. In 1990, he established the TVB School of Habitat Studies in New Delhi, leading it until 2007, when it became part of Guru Gobind Singh Indraprastha University. Throughout his career, he has advocated for context-specific strategies to develop indigenous modernity.
Laurajane
Smith
AUSTRALIA
Laurajane Smith é professora de Estudos de Patrimônio e Museus, e membro da Sociedade para a Academia das Ciências Sociais na Austrália. Ao longo de sua carreira, ela tem se interessado pela política da criação do patrimônio. É fundadora da Associação de Estudos Críticos do Patrimônio e tem sido editora do International Journal of Heritage Studies desde 2009. Ela é co-editora geral, junto com a Dra. Gönül Bozoglu, da série Key Issues in Cultural Heritage da Routledge. Em 2018, recebeu um Doutorado Honoris Causa por mérito científico da Universidade de Antuérpia, Bélgica, e em 2021 foi a vencedora do Prêmio de Patrimônio da Associação Europeia de Arqueologia.
George
Abungu
quênia
Temos o prazer de anunciar que George Abungu se juntará a nós como um dos conferencistas principais do Simpósio Internacional do ICOMOS de 2024! George Abungu é um arqueólogo formado em Cambridge e Diretor Geral Emérito dos Museus Nacionais do Quênia. George recebeu o prêmio ARCA em reconhecimento pela dedicação de toda a sua vida em defesa da arte. Ele é Cavaleiro da Ordem Francesa de Artes e Letras e foi o primeiro pesquisador africano a receber o prêmio African World Heritage Fund. É Professor Honorário de Estudos de Patrimônio e Museus na Universidade Nacional Australiana (ANU).
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co-presidente

Leonardo
barci castriota

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